Está aumentando dentro do PT o coro dos descontentes. A exemplo de Jesus Rodrigues, que desistiu de concorrer à reeleição, outros petistas estão insatisfeitos com o tratamento dispensado às suas campanhas pela sigla e por Wellington Dias, candidato a governador. Com a proximidade das eleições, W.Dias demonstra sua preocupação exclusiva com a reeleição do deputado federal Assis Carvalho, com a eleição de sua esposa Rejane Dias para este mesmo cargo e com a vitória de Francisco Limma, seu candidato a deputado estadual.
Tem uma hora em que o companheirismo acaba. É o que sente um petista, que disputa cargo proporcional, que conversou informalmente com dois jornalistas de TV esta semana. Pedindo a reserva de seu nome, desabafou aos comunicadores que não esperava ter sido “largado no sol”. E afirmou que esse sentimento não é exclusivo dele.
“Quando o Jesus [Rodrigues] desistiu, teve aquele mal estar no partido. Wellington conversou com a gente, disse que ele [Jesus] estava descarregando a raiva pela frustração de ver suas bases migrando espontaneamente, e decidiu achar um culpado. Mas, agora, não posso deixar de dar razão”, revelou o petista.
PT FORA DOS EIXOSO candidato afirmou que vai continuar sua campanha como puder, mas diz quer ao final das eleições, o PT terá que se reavaliar. “Vamos sentar e colocar as coisas nos eixos. Todos nós demos apoio a Wellington quando ele se sentiu isolado ano passado. Ele nos chamou, é a maior liderança nossa, e fez um daqueles discursos empolgantes, dizendo que era a hora de nos unirmos e trabalharmos mais do que nunca. Mas aí chega a campanha e nos deixou de lado. E nessa reta final ficou bem claro que ele tem seus candidatos”, lamentou o candidato.
O insatisfeito afirma que está trabalhando pela vitória de Wellington e acredita que ela se concretize. “Mas ele terá que nos ouvir depois disso. Antes de assumir o Governo, teremos que rever a condução partido, que é uma construção de todos nós. Queremos aquele Wellington que tomava Montilla com Coca-cola de volta. E ele ganhando, teremos que estabelecer um novo comando para o PT, porque a Regina [Sousa] vai para o Senado”, comenta.
W. DIAS JÁ TEM OS SEUSA confusão com Jesus Rodrigues se deu porque o deputado federal disse que Wellington estava “roubando” suas lideranças, articulando para que prefeitos e vereadores mudassem de candidato e passassem a votar em Rejane Dias. Nesta reta final, a preocupação é garantir que o deputado Assis Carvalho obtenha mais votos que o deputado federal Paes Landim (PTB), que também concorre à reeleição. “Achamos que podemos fazer até 4 federais, mas certeza mesmo, é que fazemos 3. Rejane e Iracema [Portella, do PP] já estão eleitas. Aí a briga é por esta terceira vaga. E o Assis todo mundo sabe que Wellington protege”, explica o petista insatisfeito.
Já no caso dos estaduais, ninguém recebe mais atenção de Wellington Dias que o ex-prefeito de São João do Arraial, Francisco Limma. “Vocês vão ver que o Limma vai ter voto no estado inteiro. Não é todo mundo que sabe disso. Ele vai ser uma surpresa para muita gente na apuração. E não é 20 nem 30 votos não. É 200, 300 votos por cidade. Wellington, por onde passa, pede voto para ele. Se o prefeito tem um candidato a estadual, ele pede ao prefeito que ‘ajeite’ um vereador pro Limma. Qualquer um assim, colado no Wellington, se elege fácil para estadual”, explica o petista.
Para ele, Wellington deveria ficar neutro, ou fazer o máximo esforço para isso, pois sua mulher já traz um desgaste natural entre os correligionários. “Rejane tem o mérito de ter sido uma boa secretaria, mas dentro do partido há militantes históricos, pessoas capacitadas e preparadas que entraram no partido, que fundaram o partido, gente que estava aqui antes dela. Gente que não teve a oportunidade de ocupar um cargo de destaque nos outros governos do PT e não tiveram a mesma projeção. Eu mesmo não acho muito justo que o governador do nosso partido mantenha outro mandato dentro da família. Em 2010, ele viu o problema que deu”, comentou.
O problema a que se refere o petista foi na disputa pelas vagas de deputado estadual. O PT tinha 3 deputados na Assembleia Legislativa: Flora Izabel, João de Deus e Cícero Magalhães. Mas estes 3 ficaram de fora, mesmo com o PT aumentando sua bancada para 5 parlamentares. Isso porque Foram eleitos Rejane Dias, Merlong Solano, Paulo Martins, Fábio Novo e Henrique Rebelo. Os que ficaram na suplência chegaram a reclamar que a “bancada do Wellington” (formada por Rejane, Merlong, Paulo e Fábio), havia avançado sobre os colégios eleitorais dos companheiros.
OS ÚLTIMOS SERÃO OS PRIMEIROS?Em seu desabafo, o candidato petista diz que espera ser reconhecido pela sua participação na campanha e não pela sua votação. “Não temos recursos suficientes para bancar uma campanha estadual sozinhos. Era importante que Wellington estivesse sempre conosco. Mas sabemos que há muita gente para visitar, muita reunião. E mesmo que a gente não seja eleito, o que deve contar é a nossa disposição para a campanha. Eu poderia muito bem estar tranquilo, passando os finais de semana no sítio. Estivemos com ele quando ele precisou, queremos ser reconhecidos por isso. Só esperamos ser chamados pela importância que tivemos ao longo de um processo eleitoral que iniciou lá atrás. Não apenas por conta do resultado final”, considerou.