Por:Pádua Marques(*)
A
coisa ficou tão feia pra todo mundo no Brasil depois desse escândalo na
Petrobrás,que ninguém nesse momento se sente seguro nem com as poucas
moedas que ainda tem no bolso da calça. Ou aquelas que no aperreio
ficaram guardadas no cofrinho do menino ou aquele que fica em cima da
geladeira ou nas caixinhas de lá do fundo do guarda roupa. E olhe que de
primeiro a gente tinha medo era de rato, bicho considerado ladrão de um
tudo dentro de casa. Hoje a gente tem medo, quem diria, é do Governo.
E
vindo eu e um amigo num desses sábados de uma costumeira viagem a
Buriti dos Lopes, coisa de todo sábado e aqui pertinho, achamos de dar
uma parada ali na BR 343, já aqui bem na altura do Distrito de Irrigação
dos Tabuleiros Litorâneos. José Luiz de Carvalho viu uma banca de
frutas e resolveu tomar um café. Foi coisa de uns quinze minutos e lá
estávamos nós conversando com “seu”, Antonio, sujeito muito simpático e
que abriu aquele negócio com a família depois de ter sido vigilante de
postos de gasolina por muitos anos.
Ele
mais que ninguém neste empreendimento de beira de estrada conhece pelo
movimento de veículos a quantas anda a economia no Brasil,
principalmente depois desse roubo monumental na Petrobrás. Do alto de
sua sabedoria “seu” Antonio nos disse que a coisa já foi melhor. Estava
indo de vento em popa. Vendia bem e dava pra tirar uma coisinha. Sua
barraca, muito bem montada, tem de um tudo: banana, laranja, melancia,
petas, café, água mineral, cadeira pra uma relaxada, refrigerantes,
cajuína e agora neste período depois das chuvas, milho verde na palha.
Pra
um homem humilde, mas com a estatura de um grande empreendedor e que
naqueles minutos preciosos falou sobre política e economia, as vendas
têm caído assim feito folhas de cajueiro no meio de um redemoinho no
meio dia. Quem vinha em direção da Parnaíba e pras praias de Luiz
Correia, Cajueiro e Pedra do Sal, antes freguês de sua barraca, hoje
passa de cabo duro e nem olha mais pra aquilo que está exposto. Quem sai
de Parnaíba e região tomando o rumo de casa, se para na barraca, já não
compra mais uma garrafa de água mineral, quanto menos uma melancia.
E
nossa conversa foi tocando enquanto a chuva caia, agora sobre o
Distrito de Irrigação dos Tabuleiros Litorâneos. Obra mais demorada
aquela de ser concluída! E tem comido é dinheiro. Tudo quanto foi
presidente da República e governador do Piauí já veio fazer fita falando
bonito e prometendo isso e aquilo outro. Os lotes produtivos estão
dando alguma coisinha pelas mãos dos pequenos irrigantes e de uns poucos
empresários ditos de fora. Isso do lado direito de quem sai de
Parnaíba. Agora os lotes maiores, ditos empresariais, do lado esquerdo,
continuam do mesmo jeito, tomados pelo mato. Se vai melhorar? “Seu”
Antonio, puxe um tamborete e espere sentado.
(*)Pádua Marques é escritor e jornalista
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